Entrevista: Brigitte Zellermayer:
Annette: Onde angaria as doações que envia para Cabo Verde?
Brigitte: Recebo-as dos meus amigos, de dois médicos que conheço e de uma concessionária de automóveis que visito de vez em quando para o efeito. Também ajudo duas vezes por ano num mercado de artigos em segunda mão, realizado na comunidade da paróquia local e em troca escolho roupas de criança para duas caixas e de brinquedos para uma.
Annette: Como escolhe o que enviar?
Brigitte: Bom, eu tento ser amiga do ambiente. Penso que, ao contrário da Áustria, em Cabo Verde não fazem incineração de resíduos, o que significa escolher: brinquedos sem pilhas; lápis e lápis de cor em vez de canetas de feltro; termómetros de álcool; e calculadoras de bolso alimentadas por energia solar. Rejeito t-shirts com caveiras e ossos cruzados ou com outros motivos que acho desagradáveis.
Annette: Quem paga os portes do correio?
Brigitte: A minha ideia inicial era: se eu angariasse o valor das despesas postais entre os meus amigos e conhecidos, então eu trataria de as expedir sozinha. Pedi às pessoas para em vez de me darem presentes de Natal ou aniversário pagarem os portes de envio de uma caixa para Cabo Verde. No entanto desde que comecei, em abril 2012, as doações para cobrir os custos foram diminuindo. Em 2016 paguei do meu próprio bolso o envio de 15 caixas - 10 kg custam 44,89 euros.
Annette: De onde lhe veio esta ideia?
Brigitte: De uma viagem a Cabo Verde. Dei à nossa guia turística, a Annette, algumas ligaduras que tinha trazido de caixas de primeiros socorros ‘fora do prazo de validade’ de dois automóveis e perguntei-lhe se seriam úteis a alguém. “Com certeza!” disse ela... Então veio-me a ideia que poderia sensibilizar os meus amigos para a utilidade dos pensos e ligaduras contidas nestas caixas de primeiros socorros e pedi-lhes para me as darem, em vez de as deitarem fora. Mais tarde, perguntei no mercado de artigos em segunda mão da paróquia local se eu poderia levar algumas das coisas que no final do mercado não tinham sido vendidas para uso em Cabo Verde.
Annette: Porque apoia esta causa em particular?
Brigitte: Bom, é muito gratificante poder contribuir desta forma. O que começou tudo isto foi eu ter comigo as ligaduras e os pensos, ter falado com a Annette sobre eles e foi a partir daí que tudo iniciou. Ficar em contato através da Internet assegurou-me que tudo aquilo que envio, na verdade chega e é realmente necessário e usado.